segunda-feira, 16 de abril de 2012

A “pena prostituta”



A informação é um bem social inestimável enquanto ferramenta de conscientização. Por ser parte de um acelerado e contínuo processo de troca de experiências entre indivíduos é a informação, talvez, a maior responsável pelas grandes transformações sociais processadas ao longo da história. Apenas a título ilustrativo, a própria república romana, lá pelo século 6º a.C., surgiu exatamente quando se espalhou a notícia de um estupro. Depois disso o povo e o exército derrubaram a monarquia e instalaram o regime republicano, com o governo passando a ser exercido por dois cônsules. Ao longo dos tempos vimos que foi a troca de informações que fez reis, criou impérios e transformou radicalmente a história das sociedades em todos os quadrantes da Terra. Que o diga o cristianismo... Que o diga a Revolução Francesa... Que o diga o Estado nazista... Que o diga...
Ocorre que essa forma quase mágica de interação entre indivíduos foi, ao longo dos tempos, corrompida pela “degeneração dos costumes”, que, de maneira irreversível, afetou, sobremaneira, os postulados mais elementares dessa prática milenar. Hoje (e ontem também) a informação é a base de toda manipulação processada nos bastidores com os propósitos mais escusos e abjetos. E o cidadão, o objeto final de toda essa trama, se vê impotente para se opor a esse “crime de consciência”. E nessa peça teatral ele é apenas o “bobo da corte”, doutrinado para divertir os convivas e receber as sobras do que lhes caem da mesa. Não é exagero dizer que no mundo da informação a ética é a maior sacrificada. Vale salientar ainda que nesse mesmo mundo a mentira vem por inteiro, mas a verdade aparece em ínfimos pedaços – e mesmo assim, quase imperceptíveis.
Hoje atingimos o auge da degeneração de valores no campo da informação. Redescobrimos Nicolau Maquiavel, o genial pensador florentino que viu em César Bórgia a essência do poder mais despudorado. O que diria Honoré de Balzac se escrevesse Os Jornalistas nos dias de hoje? Na certa iria identificar certas minúcias. Balzac, que em algum período de sua vida parece ter caído no borrão de alguma “pena prostituta”, iria perceber que nos “Estados Unidos do Brasil” o respeito ao homem de comunicação é dado de conformidade com o grau de periculosidade que esse mesmo homem represente para alguns setores sociais. Claro, devo advertir que fica a critério do leitor pôr a nossa classe política como o primeiro desses setores. Penso, porém, que nesse mundo hermeticamente fechado e de trocas permanentes de mimos, o que menos existe é honestidade de propósitos. Ambos os lados apenas se toleram. Como há a convergência de interesses, firma-se aí uma espécie de “casamento de conveniência”.
Que seja eterno enquanto dure...
A propósito, o caro leitor tem plena confiança naquilo que ouve ou que lê?  

Um abraço e até a próxima.
por  Nonato Nunes
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"Não é exagero dizer que no mundo da informação a ética é a maior sacrificada." Pegando este trecho de Nonato, fico lembrando das muitas vezes em que a ética foi e é totalmente esquecida por parte de alguns profissionais da imprensa que fazem da noticia um meio exclusivo de ganhar dinheiro e não o de bem informar a população. Alguns chegam a ser totalmente mercenários e terminam fazendo um trabalho medíocre.

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