segunda-feira, 5 de julho de 2010

DOE ÓRGÃOS. DOE VIDA!



O programa Agora Você do dia 03 trouxe muitas informações sobre doação. A Dra. Nice coordenadora da Central de Transplantes do Hospital Regional de Guarabira, atendendo a nosso convite compareceu e tirou dúvidas de muita gente sobre doação.
Durante o programa ficamos sabendo quem pode ser doador e quais os tipos de doação. Perguntamos a Dra. Nice sobre as longas filas de espera para doação e por que muita gente evita fazer qualquer doação.
Veja trechos da entrevista.
AV - Dra Nice como posso ser doador?

Dra. Nice - Hoje, no Brasil, para ser doador não é necessário deixar nada por escrito, em nenhum documento. Basta comunicar sua família do desejo de doação. A doação de órgãos só acontece após autorização familiar.

AV - Que tipos de doador existem?
Dra Nice – Existem dois tipos de doador, o doador vivo e o doador cadáver. Doador vivo é qualquer pessoa saudável que concorde com a doação. O doador vivo pode doar um dos rins, parte do fígado, parte da medula óssea e parte do pulmão. Para lei, parentes até quarto grau e cônjuges podem ser doadores; não parentes, somente com autorização judicial. E o doador cadáver, são pacientes em uti (unidade de terapia intensiva) com morte encefálica, geralmente vítimas de traumatismo craniano ou avc (derrame cerebral). A retirada dos órgãos é realizada em centro cirúrgico como qualquer outra cirurgia.

AV - Como podemos ter certeza do diagnóstico de morte encefálica? Não existe dúvida quanto ao diagnóstico.

O diagnóstico da morte encefálica é regulamentado pelo conselho federal de medicina. Dois médicos de diferentes áreas examinam o paciente, sempre com a comprovação de um exame complementar. A morte é comprovada quando o cérebro para de funcionar.

De acordo com a médica, a questão de transplantes após a morte encefálica é regida por uma Lei específica para o assunto que determinou ao conselho federal de medicina que definisse os critérios clínicos e exames necessários para o diagnóstico de morte encefálica (morte do paciente), resultando na resolução cfm 1480/97.

Para isto foi criado o Sistema nacional de transplantes para dar controle e organização à atividade. Agora, o transplante de órgãos e tecidos só pode ser realizado por equipes e hospitais autorizados e fiscalizados pelo ministério da saúde.

Existe uma Lista única de receptores onde a ordem é seguida com rigor, sob supervisão do ministério público. O cadastro é separado por órgãos, tipos sangüíneos e outras especificações técnicas.

AV – Quais órgãos e tecidos podem ser obtidos de um doador cadáver?
Dra. Nice – Coração, pulmão, fígado, pâncreas, intestino, rim, córnea, veia, ossos e tendão.

AV – Dra. Nice, muitas pessoas não querem doar os órgãos de seus familiares, pois acham que vão receber de volta um corpo todo deformado. Isto é verdade?
Dra. Nice – Não é verdade. As famílias não precisam se preocupar com a aparência de seu ente querido, pois após a retirada dos órgãos o corpo fica como antes, sem qualquer deformidade. Não há necessidade de sepultamentos especiais. O doador poderá ser velado e sepultado normalmente.

AV – para descontrair um pouco a entrevista falamos sobre as brincadeiras de criança, quando os pais colocavam nas crianças o medo do papa-figo, perguntamos para a Dra. se o medo dos doares seria por causa do tráfico de órgãos. Nice falou sobre a seriedade com que a Central de transplantes trata do assunto.

Dra. Nice – Os órgãos doados vão para os pacientes que necessitam de um transplante e estão aguardando em lista única, definida pela central de transplantes da secretaria de saúde de cada estado e controlada pelo ministério público.

AV - Por que doar?
Dra. Nice – A carência de doadores de órgãos é ainda um grande obstáculo para a efetivação de transplantes no brasil. Mesmo nos casos em que o órgão pode ser obtido de um doador vivo, a quantidade de transplantes é pequena diante da demanda de pacientes que esperam pela cirurgia. A falta de informação e o preconceito também acabam limitando o número de doações obtidas de pacientes com morte cerebral. Com a conscientização efetiva da população, o número de doações pode aumentar de forma significativa. Para muitos pacientes, o transplante de órgãos é a única forma de salvar suas vidas.

AV – Dra. Nice disse ainda que a doação deve ser para a família um ato de amor, pois assim aquele ente querido continua a viver em outro corpo.

AV – Quem pode ser doador de órgãos em vida?
Dra. Nice – Pode ser doador em vida toda pessoa que tiver parentesco consangüíneo de até quarto grau com o indivíduo que receberá o órgão transplantado. Isso significa pais, irmãos, filhos, avós, tios e primos. Além desses casos, cônjuges podem fazer doações e toda pessoa que apresentar autorização judicial. Essa autorização é dispensada no caso de transplante de medula óssea. A doação por menores de idade é permitida somente com autorização de ambos os pais ou responsáveis. Pessoas não identificadas e deficientes mentais não podem ser doadores.

Existem as restrições de idade. Em geral, o doador deve ter até 60 anos. Para o caso de transplante de fígado, a idade do doador pode chegar até 80. Existem também as restrições de saúde - O doador precisa fazer exames de HIV e de hepatites b e c. Deve fazer também provas de função hepática, de função renal e de função pulmonar.

AV – Dra. quais órgãos podem ser doados?
Dra Nice – o doador vivo pode doar Rim: por ser um órgão duplo, pode ser doado em vida. Doa-se um dos rins, e tanto o doador quanto o transplantado, podem levar uma vida perfeitamente normal. Parte do fígado ou do pulmão: podem ser doados.

De doador com morte encefálica, podem ser doados os seguintes órgãos: coração, pulmões, fígado, rins, pâncreas e intestino. Os tecidos que podem ser doados são as córneas, partes da pele não visíveis, ossos, tendões e veias.



Durante a entrevista a Dra. falou também sobre a doação de medula óssea. Esta era sem dúvida uma das doações com mais dúvidas e a Dra. fez questão de explicar sobre este assunto.

As leucemias são cânceres das células do sangue. As células cancerosas podem acometer toda a medula óssea, chegando ao ponto de impedir a produção de células normais do sangue (falência medular), o que levaria a quadros variáveis de sangramento, infecção e anemia.

Os exames utilizados para o diagnóstico são: hemograma, teste de coagulação sangüínea, testes químicos de rotina (eletrólitos, creatinina, etc.), esfregaço do sangue e da medula óssea e, em algumas vezes, a biópsia da medula óssea.

As leucemias são divididas em agudas e crônicas. O grupo das leucemias agudas é dividido em mieloblástica e linfocítica, sendo que essa diferenciação é feita na célula de origem de cada grupo. De forma geral as leucemias agudas apresentam uma evolução muito rápida, sendo necessário o diagnóstico precoce e o tratamento rápido.

Apesar de ser um tipo raro de câncer, a leucemia aguda apresenta um elevado índice de morte em pessoas abaixo da idade de 35 anos. A incidência das leucemias é semelhante por todo o mundo, sendo que, dentre as leucemias agudas, a mieloblástica tem ligeira predominância sobre a linfocítica.

São mais predominantes nos homens, sendo maior o número de casos nos de raça branca. A idade de acometimento difere enormemente entre dois grupos, sendo a leucemia linfocítica aguda muito comum até os 10 anos de idade e a leucemia mielóide aguda muito comum na média de 65 anos de idade. O tratamen to entre os dois grupos também é muito diferente. Além disso a leucemia mielóide aguda tem um pior prognóstico que a crônica.

A maior dúvida era sobre o que pode ser doado para um paciente desse e a Dra explicou a facilidade que existe para esta doação. A medula óssea: pode ser obtida por meio da aspiração óssea direta ou pela coleta de sangue e vai para portadores de leucemia, linfoma e aplasia de medula.

Depois de todas estas informações sobre doação cabe a você se decidir e ser também um doador, pois poderá estar ajudando alguém a viver.

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